De cabeça baixa, observo as leves
ondas circulares que se criam e desfazem no fundo do copo, penso no que
poderíamos ter vivido. Desde aquele tempo em que mal nos conhecemos, até hoje.
Mas, será que teria durado tanto
tempo? Será que havia maturidade, paciência, oportunidade e, até mesmo, amor
para resistir a tanto tempo? Nunca saberemos.
Não por mal, não por distância,
mas porque agora estamos tentando. Finalmente o destino nos acolheu e mostrou o
caminho. O meu foi, no caso, do centro da cidade até a porta da sua casa
equilibrando o sorvete em uma mão e a moto na outra.
Eu não sabia se você cederia e me
beijaria, não esperava nada além de uma companhia e algumas risadas. Confesso
que queria sim te beijar, mas a coragem e a malícia da conquista foram se
esvaindo ao passar dos anos, de modo que perdi o amor a mim mesmo e, com isso,
fechei as portas ao sentimento. Mas, ainda assim, eu queria você.
Te ver pessoalmente, sem nem
mesmo ter dito seu endereço antes, mostrou que o destino havia preparado tudo.
O teu lindo sorriso ao me recepcionar, teu jeito meio de menina me encantou e,
por fim, o teu olhar me levou a nocaute. Não havia mais como resistir, não
havia impulso mais forte no mundo do que o de querer te beijar a noite toda.
Aos poucos, fui me aproximando,
aconchegando, tocando, sentindo cada vez mais de perto o teu perfume. Encostei
minha cabeça na tua, rosto colado, sorriso de lado, um beijo estava prestes a
acontecer.
Te jurei que aquilo seria um
sonho e que, no amanhecer, você acordaria e nada teria acontecido de verdade.
Tanto eu quanto você ainda estamos
sonhando. Já se passaram dez dias desde o primeiro beijo e, confesso, nunca
sonhei por tanto tempo. E nunca desejei tanto permanecer dormindo, como tenho
feito a cada vez em que nos vemos e beijamos novamente.
Um sonho eterno, que só pode ser
vivido contigo e ao teu lado.
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