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Mostrando postagens de março, 2017

O Mar

Ele remava, incessante e incansavelmente, em direção a ela. Vinte mil léguas submarinas seriam poucas naquele momento, tamanha era a determinação que alimentava cada remada. Aos poucos foi se aproximando e, então reduzindo as remadas...Lentamente. Ela já não mais sorria como na noite anterior, não tinha os lábios vermelho vivo, mal abria os olhos. De imediato, ele usou as últimas forças que restavam para trazê-la ao barco e, então, poderem navegar até encontrar socorro. Doeu, cansou, enjoou, anoiteceu, amanheceu, esquentou, esfriou. Ela não demonstrava lutar mais, não tinha forças; ele, tentava transmitir forças a ela – mas sequer conseguia respirar devidamente. Aos poucos, foram adormecendo calmamente e, de mãos dadas, repousaram naquele mar. Vida, era como muitos navegantes chamavam àquele mar: desafios constantes o faziam agitar e surpreender quem o enfrentasse, exigiria resistência e bravura mas, no fim, compensaria. E não foi diferente com eles.

Quer Saber?

Eu te liguei por que quis, não por engano. Senti saudades, do seu cheiro, do seu beijo, teu sorriso, das tuas broncas por ser tarde e não ter comido nada ainda. Eu tô no portão do seu prédio, mas sem coragem pra interfonar. O porteiro até quis te chamar, mas eu pedi que não. E não é por falta de coragem – na verdade, eu teria entrado, subido e estaria na sua porta. Mas, quer saber? É loucura tudo isso. Talvez, seja loucura. Mas você poderia não ter me atendido, caso realmente não quisesse mais nada de mim. Poderia não ter dado uma resposta no dia em que te esperei sair do trabalho só pra acompanhar até o carro e dizer: até logo. Acho que, nesse jogo de “quem é mais forte”, nenhum de nós vai ganhar. Você virou uma página, eu rasguei outra. Ambas páginas eram de livros diferentes, e estavam em branco, mas mal percebemos. Pura revolta. Mas que não durou quinze minutos. Nossas brigas nunca duraram muito tempo, ao contrário do nosso amor. Quer saber? Somos loucos, um

Champagne

Arrumei a mesa, nossos lugares um de frente para o outro. Na cozinha, em meio a um pouco de bagunça e manchas de molho na pia e no chão, me desdobrei em vários pra conseguir terminar o jantar. Eram quase oito, você estava pra chegar e eu nem havia tomado banho ou, sequer, arrumado a casa – que estava bem bagunçada. Blusa e calça jogados no sofá, um pouco de poeira no chão, meu quarto bem bagunçado e, fechando com chave de ouro, o banheiro precisava urgentemente ser arrumado. Coisas de homem, você pensaria ao ver a casa naquele estado, mas a verdade era que eu mal ficava ali, não havia porquê. Sua cama era melhor que a minha. Tive a certeza de que, por você, eu era capaz de qualquer coisa. A casa parecia nova, como se eu tivesse contratado alguém disposto o bastante a organizar e trazer vida de volta ao ambiente, e com toda certeza você não acreditaria que eu fiz aquilo tudo sozinho e em quarenta minutos. A campainha tocou, o que foi um descuido do porteiro pois eu havia pe