Pode ser realmente que mar calmo
não faça de um marinheiro bom, penso então que o oceano pelo qual navego,
repleto de tormentas, seja o mesmo deserto pelo qual algumas pessoas tem de
passar em busca de água fresca, sombra e os prazeres da vida.
Não é que uma reflexão bem feita
desse momento seja inválida mas, chega uma hora em que as forças acabam e a
gente se divide entre deixar seguir, de qualquer forma que for possível, ou
desistir. Desistir em meio a uma tormenta que, todos dizem, ser passageira;
desistir há poucos metros do oásis em meio ao sol escaldante. Fácil escolher
quando se tem todas as energias ainda conservadas em cada célula do corpo;
difícil aceitar que só agora chegou ali, depois de tanto que já passou, viveu,
sofreu, chorou.
A vida não tem, por obrigação
alguma, de ser calma e feliz o tempo inteiro. Pelo contrário, se assim o fosse,
não teria graça alguma e seríamos todos muito rasos. Mas chega um momento, uma
hora em que toda a força que tentamos resguardar para o chamado “último suspiro”
se esgota e, é nesse exato momento, em que a vida perde o sentido e acaba.
Ter lutado até aqui não foi
fácil, tem sido dias e mais dias de “deixar levar”, onde não via sentido em
quase nada. E as forças estão quase no fim. Eu não sinto mais vontade de
guardar nada, de me guardar, de me cuidar.
Cheguei nos poucos metros que
faltam para alcançar meu oásis particular; cheguei, enfim, ao ponto da tormenta
em que queria muito apenas dizer “Silêncio! Cale-se!” e, assim, ver
acalmarem-se as águas e o vento.
Pois bem, aqui me despeço de
vós...Do ponto em que cheguei, até onde resisti.
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