Enquanto a chuva caía e as faixas
da estrada passavam como um relâmpago na escuridão, eu pensava em como tudo
poderia ser diferente. Como seria se você estivesse ali, do meu lado? Ou,
então, como seria se eu tivesse me mudado pra sua cidade, morado na sua casa,
dormido na nossa cama?
Eu estava a caminho daquela velha
cidade, que você visitou e não gostou. Minha cabeça, apoiada no vidro da
janela, concentrava suas forças em não desequilibrar daquela posição
desconfortável mas que, de algum modo, não incomodava. Lá no fundo, eu só
pensava em você, em nós, o que poderia ser de nós hoje, o que poderíamos ter
construído – família, trabalho, estudos, filhos, carreira. Eu ainda pensava em
nós, mesmo depois de tudo. Por incrível que pareça, era fácil fazer isso.
A cada cidade, a cada parada, eu
me perdia mais um pouco nos pensamentos e probabilidades. Era como se testes
ocorressem, para no fim determinar com certeza o futuro que eu perdi contigo –
ou o que você perdeu em não me ter mais por perto. Acredito que isso nunca
aconteceu com você, não faz seu tipo pensar nas possibilidades que passaram (ou
talvez eu esteja muito errado...ou, lá no fundo, eu queira estar errado sobre
isso), não faz seu tipo chorar em público por ter se arrependido de deixar pra
trás um amor.
Faltavam mais quinze quilômetros
apenas. Multipliquei isso pelo que eu achava ser o necessário percorrer até te
ver, calculei minutos, segundos, converti em horas...Quando me dei conta, eram
três da manhã e, sentado na cama, olhei em volta ainda confuso.
A estrada havia ficado pra trás, alguns
sonhos e vontades a acompanharam. Ficou aqui, a me fazer companhia, apenas um
vazio e o pensamento: o que poderia ser de nós?
Uma pergunta que, possível e
quase certamente, ninguém há de saber.
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